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Paraíba do Sul: o rio que abastece o Rio está em risco

Sob o risco de rompimento de pelo menos 12 barragens de rejeitos, a bacia do Paraíba do Sul sofre ainda com a poluição por esgoto e lixo, além de passar pela mais grave crise hídrica de sua história. O rio abastece 17,6 milhões de pessoas do Sudeste. Será que ele pode se tornar o próximo Rio Doce? Vamos saber na próxima terça-feira, 15/12, na Biblioteca Parque Estadual. A entrada é franca.

Em 8 de dezembro deste ano, o volume útil de todos os reservatórios do rio Paraíba do Sul equivalia a 13,6% do total. Apesar das chuvas de novembro, o manancial que abastece os 12 milhões de habitantes da Região Metropolitana do Rio ainda está passando pela crise hídrica "mais grave da história", como admitiu o secretário estadual do Meio Ambiente, André Corrêa.

E a seca não é o único problema do Paraíba do Sul. A bacia está no curso de pelo menos 12 barragens de resíduos minerais e industriais, segundo levantamento de 2012. Se todas se rompessem, despejariam 22 bilhões de litros de rejeitos nos afluentes do Paraíba, comprometendo o abastecimento de água de 17,6 milhões de pessoas. O recente rompimento da barragem da Samarco em Mariana (MG) mostrou ao país os efeitos devastadores que um desastre como esse pode causar.

Será que o Paraíba do Sul pode ser o próximo rio Doce? Há risco de racionamento de água no futuro? Para falar das ameaças ao rio e seus afluentes, que passam por 184 municípios de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, o Vozerio convidou três conhecedores desse manancial para a próxima edição do Conversas na Biblioteca, na terça-feira (15/12): o engenheiro Paulo Carneiro, do Laboratório de Hidrologia da Coppe/UFRJ; e o cineasta Bebeto Abrantes e a produtora Juliana Carvalho, que estão terminando as gravações do documentário Paraíba do Sul — O filme.

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"As pessoas têm de entender a importância do Paraíba do Sul para o estado do Rio: ele é o manancial que permite o desenvolvimento do centro econômico do estado", lembra Carneiro, que coordenou o Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio, finalizado em 2014. "Nossa segurança hídrica é vulnerável, até porque estamos num período em que as mudanças climáticas tendem a recrudescer os períodos de escassez hídrica. Isso requer todo um trabalho de gestão a que ainda não está sendo feito."

O esgoto doméstico também é um problema grave — e antigo — no Paraíba do Sul. Segundo o cineasta Bebeto Abrantes, esse cenário de poluição foi encontrado em toda a extensão do rio, da nascente à foz, que a equipe percorreu durante a gravação. "Mas a poluição industrial também é forte, apesar das melhora por parte das empresas", lembra o cineasta. "Em Volta Redonda, vimos uma montanha de rejeitos de ferro de ferro de 30 metros de altura, a menos de 100 metros do rio."

Vale lembrar que o Paraíba do Sul não é estranho a desastres ambientais. Em 2003, o rompimento de um reservatório da Indústria Cataguazes de Papel, na Zona da Mata de Minas Gerais, despejou 20 milhões de litros de soda cáustica nos afluentes da bacia. O desastre provocou grande mortandade de peixes e crustáceos e esterilizou o rio durante um bom tempo, segundo artigo da Universidade do Estado do Norte Fluminense (UENF). E, em 2006 e 2007, outros dois derrames, de uma barragem de rejeitos de bauxita, arrastaram 400 milhões e 2 bilhões de litros de lama rio abaixo, respectivamente.

Não se pode, contudo, contar com a resiliência do rio, que provê água potável e energia para boa parte do Sudeste. "O Paraíba do Sul é o único manancial possível para atender a demanda da região metropolitana. Temos de pensar na importância do rio — não só para hoje, mas projetar o futuro", reitera Carneiro.

Serviço

Conversas na Biblioteca — Paraíba do Sul: o rio que abastece o Rio está em risco?
Onde: Auditório Darcy Ribeiro, na Biblioteca Parque Estadual
Quando: Terça-feira, 15 de dezembro, das 18h às 19h40
Entrada franca.