André Urani

Amadeo para André

Em um mundo de especialistas, André sempre primou pelo ecletismo. Estudou economia, mas também jornalismo na PUC-Rio. Depois do mestrado, no lugar de seguir para um doutorado nos EUA, como todos os colegas, foi para a França. Usando técnicas modernas, escreveu sua tese de sobre distribuição de renda. De volta ao Brasil, era economista do IPEA, mas ao mesmo tempo fazia uma espécie de recenciamento social na favela próxima à casa de seu pai na Estrada das Canoas. Já maduro, escreveu muitos artigos acadêmicos, mas gradualmente foi se dedicando mais e mais às políticas públicas de integração social dos moradores da periferia. No lugar de ir para um ministério ou para o Banco Central como os colegas da PUC, ficou no Rio de Janeiro onde foi primeiro Secretário do Trabalho da Prefeitura, e se dedicou de corpo e alma a seus projetos sociais. O que ele fez como ninguém foi juntar o rigor técnico no desenho e avaliação das políticas a uma execução competente. Mas como se não bastasse a inovação que introduziu com a gestão participativa, terminou fazendo muitos amigos nas comunidades onde trabalhou.

Eu admirava o André: pelo seu espírito agregador, seu desprendimento, sua entrega sem limites à vida. Como todos os seus muitos amigos, eu sinto o Rio meio vazio depois que ele se foi.